A DOR E O TEMPO


As coisas naturais são constantes lições de paciência ao nosso redor. Tudo no mundo nos ensina duas lições fundamentais: a da evolução e a da imortalidade. Porque tudo se desenvolve em direção ao futuro e tudo morre para renascer. A Ciência reconhece que nada se perde, tudo se transforma. A Filosofia, mesmo em suas correntes mais atuais e mais negativas, reconhece a evolução geral e admite que o homem é um projeto, ou seja, uma flecha que atravessa a existência em direção a um alvo superior.

Se nos recusamos a entender as lições que nos rodeiam e as que brotam do fundo de nós mesmos é porque, segundo explica a questão 738 de O Livro dos Espíritos: “Durante a vida o homem relaciona tudo ao seu corpo”. Mas, diz a mesma questão: “após a morte pensa de outra maneira”. Apegados ao corpo, limitados pelas percepções físicas, avaliamos a dor pela medida do tempo. Entretanto os Espíritos nos lembram, nessa mesma questão: “Um século do vosso mundo é um relâmpago na eternidade”.

Jesus nos ensinou, por isso, o desapego, advertindo: “Quem se apega à sua vida perde-la-á”. Maria Dolores se comunica em poesia para nos tocar ao mesmo tempo o sentimento e a razão. É a mesma técnica usada por Jesus nas parábolas e na poesia do Sermão do Monte. A didática moderna confirma a eficiência desse método que nos relaciona com as coisas naturais, que se serve do estímulo do ambiente, da lição das coisas concretas para nos levar à compreensão do sentido da vida.

A dor, ensinou Léon Denis, discípulo e sucessor de Kardec, é uma lei de equilíbrio e educação. A Psicologia moderna comprova que aprendemos através de tentativas frustradas, de ensaios sucessivos. É por meio dos erros que chegamos ao acerto. A sabedoria popular nos diz: “O que arde cura, o que aperta segura” As pessoas inquietas perguntam porque tem de ser assim, porque Deus não nos criou perfeitos e bons. Mas, Rousseau já ensinava que tudo sai perfeito das mãos do Criador. A perfeição, porém, inclui o livre arbítrio, pois, só através dele chegamos à consciência plena. A dor de um minuto nos desperta para a felicidade sem limites como a ventania de um instante limpa a atmosfera por muitos dias.

Irmão Saulo – Artigo do Jornal – Diário de São Paulo.

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