"O caráter essencial das penas irrevogáveis é a ineficácia do arrependimento, e Jesus nunca disse que o arrependimento não mereceria a graça do Pai." (O Céu e o Inferno)

A frase acima resume bem o que a doutrina espírita diz sobre esse assunto.

Não há no Espiritismo a crença no inferno como tida por outras religiões, como sendo algo que, uma vez adentrado em tal estado de consciência ou lugar, não se pode de forma alguma escapar. Com certeza vamos contra o bom senso ao acreditarmos que, se em determinado momento da vida de nosso espírito formos para este “inferno”, estaremos então lançados a nossa própria sorte, não mais sendo dignos de perdão por parte de Deus, mesmo que nos arrependamos e Lhe supliquemos tal perdão. Deus em momento algum virará as costas às nossas súplicas e arrependimentos sinceros! Pelo entendimento que já conseguimos ter Dele - um ser que é bondade, justiça, misericórdia e amor infinitos - poderíamos automaticamente tirar essa conclusão. Afinal, vinte anos (ou que sejam 120 anos!) de vida desregrada justificam uma pena eterna e inapelável? Não está claro aí uma discrepância enorme entre o crime e a punição? Paremos para pensar no que seja a eternidade. Nem mesmo o nosso planeta Terra existe desde sempre, apesar de estar aqui já há bilhões de anos! As faltas conscientes certamente terão suas conseqüências, mas Deus acolherá sempre um filho seu que se arrependeu e deseja se reformar interiormente, indo ao seu encontro, mesmo que ele esteja, naquele momento, no "inferno", proporcionando-lhe uma segunda chance.

Mateus, 7:9-11
Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem?

Lucas, 15:3-7
Então ele lhes propôs esta parábola: qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que a encontre? E achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo; e chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido. Digo-vos que assim haverá maior alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.

Salmos, 103:8-9
Compassivo e misericordioso é o Senhor; tardio em irar-se e grande em benignidade. Não repreenderá perpetuamente, nem para sempre conservará a sua ira.

Essas três passagens deixam mais claras ainda que a misericórdia de Deus não tem um prazo de validade, que seria pelo tempo que estivéssemos vivos em nossos corpos, mas atua sempre, não importando o onde nem tampouco o quando; ainda fica claro que o castigo não será eterno, nem a ira de Deus. Havendo o arrependimento, Ele concederá uma outra chance. Se achamos que devemos sempre perdoar o nosso próximo, agindo assim de acordo com o que Jesus Cristo nos ensinou (Mateus, 18:21-22), como então Deus, aquele que é verdadeiramente bom (Marcos, 10:17-18; Lucas 18:18-19), não perdoará qualquer um de seus filhos arrependidos em qualquer tempo que seja? Somos então melhores do que Ele?

1 comentários:

Dulce Miller disse...

Realmente Carol, devemos aprender a perdoar nossos irmãos, só assim conseguiremos perdoar a nós mesmos e nos arrependermos de verdade!

Beijão, minha querida!