É muito comum ouvirmos algumas pessoas dizerem: "Ah! Eu perdoei fulano, mas não esqueço o que ele me fez!" Nesse caso, perguntamos, será que houve mesmo o perdão? Houve um começo, uma parte digamos, um entendimento racional da necessidade de perdoar. Em outras palavras, mentalmente o indivíduo se dispôs a não alimentar rancor ou ideias de vingança. Está, por ele mesmo, convencido de não odiar.
No campo emocional, no entanto, ainda ficaram impregnados os resquícios daqueles sentimentos, que, embora não identificados como impulsos de cólera, manifestam-se sutilmente em forma de mágoas, ressentimentos, inconformações, desgostos, amarguras e descontentamentos.
Acautelemo-nos quando esses sentimentos, ou esses lampejos de impressões, estiverem ainda presentes em nossas emoções, nos nossos solilóquios, curtidos no silêncio, ao flutuar vagamente a nossa imaginação.
Não nos deixemos levar ou iludir por essas manifestações desavisadas. Elas são ainda modos de expressão do ódio que está ali nos corroendo e desagregando a nossa resistência.
Guardar ou manter em nós os ressentimentos, as mágoas, as inconformações é nos deixar envolver, ainda, pelas teias da cólera; é não termos realmente perdoado. Isso é enganoso e muito grave no nosso comportamento. São as maneiras de não aceitação das ofensas recebidas. Atingidos em nosso orgulho, sentimo-nos assim e permanecemos, então, ruminando inconformações, amarguras. É o amor-próprio ferido, os direitos que exigimos, a retratação de quem nos feriu.
Renunciemos corajosamente a esses direitos e inconformações, mesmo cobertos de razões, e deixemos que o tempo e o amadurecimento natural realizem as transformações naqueles que julgamos terem errado conosco. Façamos a nossa parte, perdoemos incondicionalmente, sem quaisquer restrições.
2 comentários:
Difícil Carol, muito difícil...digo por experiência própria! Infelizmente eu sou mais ou menos assim. Eu perdôo mas nunca esqueço. Só que não fico ruminando mágoas ou cultivando o ódio no meu coração. Eu simplesmente finjo que nada aconteceu pra não sofrer mais.
Já aconteceu uma vez de eu perdoar minha cunhada por uma terrível ofensa e injustiça que ela me fez. Ela praticamente me implorou perdão, dizendo que gostava muito de mim e que queria que tudo voltasse a ser como antes. Eu disse a ela que eu a perdoava (quem sou eu pra não perdoar?) mas que as coisas jamais seriam como antes, porque amizade quando quebra é como um cristal, não adianta tentar colar os cacos! Mas com o tempo, acabei ficando numa boa com ela, que voltou a frequentar a minha casa e eu passei a agir da mesma forma antiga com ela, com carinho, respeito e atenção, confiando nela. Perdoei incondicionalmente. Só que ela aprontou de novo e de um jeito bem pior. Foi horrível pra mim, todos me chamavam de burra porque eu permiti que ela me "usasse" de novo, aff! Bom... depois disso não teve mais perdão. Eu simplesmente a ignoro. Já faz dois anos que aconteceu e eu nunca mais deixei que ela se aproximasse de mim de novo. Não tenho remorsos. Tenho consciência que dei o melhor de mim e que não fui compreendida. Ela já tentou se reaproximar várias vezes, mas pra mim não dá mais. Eu não desejo o mal pra ela nem nunca fiz nada pra me vingar ou qualquer coisa do tipo.Eu simplesmente ignoro, porque sei que isso dói. Foi pensando nela que comentei o seu post de ontem. Quando ela esteve doente no ano passado e quase morreu no hospital, eu rezei muito por ela porque amo demais meu sobrinho e queria que ela ficasse bem logo, por ele. Você entende como me sinto?
Eu lamento por ela, só isso.
Beijão minha querida! Espero que vc esteja se sentindo melhor hoje!
"É muito comum ouvirmos algumas pessoas dizerem: "Ah! Eu perdoei fulano, mas não esqueço o que ele me fez!" Nesse caso, perguntamos, será que houve mesmo o perdão?"
Pois é Carol, há um tempo atrás passei por uma grande decepção, grande dor e assim como a Du falou: "Eu perdôo mas nunca esqueço. Só que não fico ruminando mágoas ou cultivando o ódio no meu coração. Eu simplesmente finjo que nada aconteceu pra não sofrer mais."
Daí eu me pergunto se só por eu não ficar remoendo o assunto e não lembrar constantemente, se só por, na época eu ter agido com algum equilibrio, significa que eu tenha perdoado a pessoa...
Daí eu concluo que se tivesse perdoado de fato, nem dúvida teria.
Ah. Um dia eu chego lá, né... Hehehe
Beijinhos
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