As práticas espíritas ficaram em uso durante vários séculos. Quase todos os filósofos alexandrinos, Filo, Amônio Saccas, Plotino, Porfírio, Arnobe, se diziam inspirados por gênios superiores; São Gregório, taumaturgo, recebeu os símbolos da fé do Espírito de São João. Santo Agostinho, o grande bispo de Hippone, em seu tratado De Curâ pro mortuis, fala das manifestações ocultas e acrescenta: « Por que não atribuir essas operações aos espíritos dos defuntos e não crer que a divina Providência fez um bom uso de tudo para instruir os homens, os consolar, os maravilhar ?


Na Idade Média, as perseguições da Igreja contra os « heréticos » sufocaram a comunicação com o mundo invisível mas a tradição se conserva: pode-se segui-la na história com os nomes de Paracelso, Cornélio Agripina, Swedenborg, Jacob Boehm, Martinez Pascalis, o conde de Saint-Germain, Saint-Martin, os possessos de Loudun, os medrosos de Cévennes e os crisíacos do cemitério Saint-Médard.

Nenhum testemunho da intervenção dos Espíritos na vida dos povos é comparável à história tocante da virgem de Domrémy. No início do século XIV, a França agonizava sob o pé de ferro dos Ingleses. Com a ajuda de uma jovem moça, de uma criança de dezoito anos, as potências invisíveis reanimaram um povo desmoralizado, revelando seu patriotismo extinto, inflamando a resistência e salvando a França da morte. Joana nunca agia sem consultar suas vozes, e, seja sobre os campos de batalha, seja ante seus juízes, sempre elas inspiraram suas palavras e seus atos.


De mais, se reencontra a comunicação com os Espíritos através dos feiticeiros ou dos xamãs entre os numerosos povos da América, da Ásia, da Oceania e da África.


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Não obstante, o Espiritismo não é uma descoberta moderna. Os fatos e os princípios, sob os quais ele repousa, se perdem na noite dos tempos, pois seus traços se acham nas crenças dos povos, em todas as religiões, na maior parte dos escritores sacros e profanos. Apenas que, incompletamente observados, os fatos foram freqüentemente interpretados conforme as idéias supersticiosas da ignorância e sem que dos mesmos tivessem sido deduzidas todas as conseqüências.


O que há de moderno é a explicação lógica dos fatos, o conhecimento mais completo da natureza dos Espíritos, de sua missão e de seu modo de agir; a revelação do nosso estado futuro e, enfim, a constituição dele num corpo científico e doutrinário e suas múltiplas aplicações. Os antigos conheciam o princípio; os modernos conhecem as minúcias. Na Antigüidade o estudo desses fenômenos era privilégio de certas classes, que só o revelavam aos iniciados nesses mistérios; na Idade Média os que com ele se ocupavam ostensivamente eram tidos como feiticeiros e queimados vivos; hoje, porém, já não há mais mistérios para ninguém, ninguém é queimado, tudo se faz à luz meridiana e todo o mundo está disposto a instruir-se e praticar. Porque em toda parte se encontram médiuns e cada um pode sê-lo mais ou menos.


A doutrina hoje ensinada pelos Espíritos nada tem de novo; seus fragmentos são encontrados na maior parte dos filósofos da Índia, do Egito e da Grécia, e se completam nos ensinos de Jesus Cristo. A que vem, pois, o Espiritismo ? Vem confirmar com novos testemunhos e demonstrar com os fatos, verdades desconhecidas ou mal compreendidas e restabelecer em seu verdadeiro sentido aquelas que foram mal interpretadas ou deliberadamente alteradas.


O que é certo é que nada de novo ensina o Espiritismo. Mas será pouco provar de modo patente e irrecusável a existência da alma, sua sobrevivência ao corpo, sua individualidade após a morte, sua imortalidade, e as penas e recompensas futuras?

(Allan Kardec – O que é o Espiritismo – Introdução)


É bom anotar:

  • As manifestações dos Espíritos sempre existiram, em países e épocas diferentes.
  • As manifestações dos Espíritos estão na base das religiões.


Portal do Espírito
Centre Spirite Lyonnais Allan Kardec


1 comentários:

Dulce Miller disse...

Gostei Carol, muito interessante este texto!