“Está admitido, entre os homens, que a gravidade da ofensa é proporcional à qualidade do ofendido. Aquela que é cometida contra um soberano, sendo considerada como mais grave do que aquela que não concerne senão a um simples súdito, é punida mais severamente. Ora, Deus é mais do que um soberano; uma vez que é infinito, a ofensa contra ele é infinita, e deve ter um castigo infinito, quer dizer, eterno.”

A refutação desse argumento vem do entendimento que a doutrina espírita traz de Deus: Ele é único, eterno, imutável, imaterial, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, infinito em todas as suas perfeições.

Apenas um ser infinito pode fazer alguma coisa infinita. O homem, estando limitado em suas virtudes, em seus conhecimentos, em seu poder, em suas aptidões, na sua existência terrestre, não pode produzir senão coisas limitadas. Se o homem pudesse ser infinito naquilo que faz de mal, o seria igualmente naquilo que faz de bem, e então seria igual a Deus.

Se jogarmos uma pedra – a maior que conseguirmos erguer com nossas próprias mãos – no oceano, conseguiremos ofender a imensidão de suas águas com isso? Não, a vastidão dos mares de forma alguma será perturbada, ofendida ou afetada. Basta agora vermos que estamos, em nossa pequenez, muito mais distantes da imensidão suprema de Deus do que a pedra está em relação ao oceano e chegaremos à conclusão de que um homem deve estar tentando se colocar no centro do universo ao afirmar que consegue cometer um ato que ofenda Deus. Muito pelo contrário, o maior ofendido é o próprio homem!

O infinito de uma qualidade exclui a possibilidade da existência de uma qualidade contrária que a diminua ou a anule. Assim, um ser infinitamente bom não pode ter a menor parcela de maldade, nem um ser infinitamente mau ter a menor parcela de bondade, bem como uma tinta infinitamente preta não pode ter a menor parcela de branco e vice-versa. Por quê Deus faria para o homem uma lei do perdão se Ele mesmo não devesse perdoar? Disso resultaria que o homem que perdoa os seus inimigos e lhe faz o bem pelo mal seria melhor do que Deus, que permanece surdo ao arrependimento daquele que O "ofendeu", e lhe recusa, pela eternidade, o mais ligeiro alívio.

Lucas, 17: 3-4

Tende cuidado de vós mesmos; se teu irmão pecar, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe. Mesmo se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: arrependo-me; tu lhe perdoarás.

Acima, palavras do próprio Cristo. Aos homens ele ensinaria fazer algo bom que nem mesmo Deus faz? Deus tudo vê; se é insensível aos gemidos e arrependimentos de um espírito durante a eternidade, é eternamente sem piedade; se não tem piedade, não é infinitamente misericordioso e bom.

Salmos, 103:8-9

Compassivo e misericordioso é o Senhor; tardio em irar-se e grande em benignidade. Não repreenderá perpetuamente, nem para sempre conservará a sua ira.

“Mas o pecador que se arrepender antes de morrer, experimenta a misericórdia de Deus, e então, o maior culpado pode encontrar graça diante Dele.”

Isso não se coloca em dúvida. Mas se Ele é cheio de misericórdia com a alma que se arrepende antes de ter deixado o seu corpo, por que cessaria de sê-lo para aquela que se arrepende depois da morte? Se a bondade e a misericórdia de Deus estão circunscritas em um tempo dado, elas não são infinitas e Deus não é infinitamente bom.

Deus é soberanamente justo. A soberana justiça não é aquela mais inexorável, nem a que deixa toda falta impune; é aquela que tem a conta, a mais rigorosa, do bem e do mal; que recompensa um e pune o outro na mais equânime proporção, e nunca se engana. Se o culpado retorna a Deus, se arrepende e pede para reparar o mal que fez, é um retorno ao bem. Se o castigo é irrevogável, esse retorno ao bem não tem fruto; uma vez que não se levou em conta o bem, não há justiça. Entre os homens, o condenado que se emenda vê a sua pena comutada, às vezes mesmo suprimida; haveria, pois, na justiça humana, mais eqüidade do que na justiça divina.

“Mas a escolha cabe a cada ser humano, uma vez que Deus concede o livre-arbítrio.”

4 comentários:

Nando Damázio disse...

Cada frase desse texto é uma reflexão e nos faz perceber como somos apenas partículas ínfimas diante de tanta grandiosidade !!

Carol, eu deveria ter vindo aqui antes, na verdade no dia em que resolvi acabar com o blog e li sua mensagem lá, fiquei extremamente emocionado, e nem encontrei palavras pra agradecer .. Você é um anjinho, Carol, e eu te adoro !!

Mas, depois de uma semana distante dos blogs, pensei melhor e vi que poderia cometer uma injustiça, como tento explicar no meu post ..

Enfim, eu já tenho você em minha mais elevada estima e agradeço imensamente por sua amizade, que com certeza é muito especial !!
Beijão, Carolzinha !!

disse...

Quanta sabedoria neste post Carol.
Eu pessoalmente adoro orar com os Salmos, são orações de rara sabedoria.
Só aprendendo sempre aprendendo com vocês.
Que Deus te abençoe minha filha!
Grandes Beijos em seu coração!
Feliz pelo Nandinho ter voltado, que bom né?
Rô!

Unknown disse...

Adorei o exemplo da pedra no oceano! =)

E é verdade mesmo... Como poderia Deus criar a lei do perdão se não fosse capaz de perdoar?

Beijinhos +)

Carol disse...

Rô e Nandinha e Nandolã ****

Quem será esse novato, só sendo novato mesmos, pra me chamar de anjo! Será um pássaro será um avião não é o SUPER NANDOLÃ! Nem preciso dizer como estou feliz em ter você de volta, aproveito para te parabenizar por seu caráter, errar é muito fácil mas admitir que errou não é pra qualquer um não! Um abraço visceral(palavra da moda essa), um dia eu vou no Rio pra te dar esse abraço pessoalmente, e a Nandinha também, ai estico pra São Paulo, ruim vai ser pra sair da casa da Vovó Rô!
O Texto fala bem da misericórdia divina, pena que quase sempre abusamos dela, quando perdoamos um irmão estamos perdoando a nós mesmos, e dessa forma merecendo o justo amor de Deus, e tudo que acontece em nossas vidas gera uma cadeia de acontecimentos, a bíblia nos dá todas as respostas é só ler, e orar muito e perdoar, perdoar, e perdoar!!!!

Beijos!!!